Você já parou para fazer um cálculo rápido, para saber quanto vale a sua hora de serviço, qual o valor dela, não o preço?
Veja bem!
Se um jovem começa a trabalhar aos 18 anos de idade recebendo ¥ 1.200 a hora, é solteiro, mora com os pais e está começando a sua vida adulta, ele está recebendo razoavelmente bem.
Assim fica mais fácil calcular o valor da hora de serviço, não é verdade?
Se o mesmo jovem, continuar trabalhando na mesma fábrica, com afinco, sendo um funcionário exemplar, desenvolvendo técnicas próprias e macetes para produzir mais rápido e melhor, ganhando respeito como veterano (senppai), às vezes, até tendo uma “moralzinha” como líder, e, continua ganhando os mesmos ¥ 1.200 a hora, o peso já não é o mesmo, você concorda?
Estará tendo o preço do seu salário-hora abaixo do real valor da hora “alugada” ao empregador.
E não estou me referindo ao conceito de mais-valia, não!
Estou me referindo à evolução da qualidade do serviço, elevação da produtividade, aumento do valor agregado VS. estagnação do salário-hora.
Ou seja, neste caso, com o passar dos anos, o preço pago pelo empregador vai abrindo desconto em relação ao valor justo da hora alugada pelo funcionário à empresa.
E sem contar que em muitos casos há a figura da empreiteira abocanhando um quinhão do pagamento da hora alugada pelo trabalhador.
“Os três vícios mais destrutivos são heroína, carboidratos e um salário mensal” – Nassim Taleb
Voltemos à narrativa…
O jovem já se casou, teve filhos e tem muito mais responsabilidade para arcar (com custo financeiro também) do que antes.
Anos depois, aquele jovem não é mais o mesmo.
Cabelos brancos, um pouco de dor aqui, outra ali, rugas que marcam a expressão de quem dedicou a atenção e o seu esforço para trabalhar muito, para manter o seu emprego e sua família.
Ele continua a trabalhar firme, ganhando ¥ 1.200 a hora.
E agora?
Como você calcularia o valor da hora de serviço desse senhor, que apesar de estar com os filhos criados, ainda continua tendo contas para pagar, responsabilidades a cumprir?
Depois de anos de dedicação e esforço, ele se aposenta, recebe formalmente perante os outros funcionários um buquê de flores, um envelope de agradecimento dos seus companheiros de trabalho e um tapinha nas costas de gratidão da chefia.
Ele fica emocionado com tamanha consideração, se sente feliz com a sensação de missão cumprida e vai para casa viver da sua aposentadoria, conquistada com muita garra e dedicação… SERÁ?
E por falar em aposentadoria provida pelo estado… não será grande coisa! (Depois que ler este artigo, leia este outro artigo para você entender por que não se deve contar com a aposentadoria do governo para garantir o seu futuro)
E agora, você já conseguiu calcular o valor, não o preço, da hora de serviço desse senhor?
E se considerarmos um salário hora de ¥ 1.200, um trabalhador, sem direito a bônus, teria de trabalhar 160 horas normais no mês mais 150,5 horas extras para atingir o salário médio mensal na indústria no Japão, que é de ¥ 418.014, considerando bônus distribuído (jul/2019 a jun/2020):

Além do preço da hora defasado em relação ao valor…
O trabalhador que fica nessa condição, geralmente, não se desenvolve para além do desenvolvimento que ele tem na sua produtividade no trabalho, pois o envolvimento com ambiente diário, rotineiro e maçante de fábrica e “elogios” de chefes vão limitando o seu mundo.
O fim de semana acaba sendo um período, em muitos casos, apenas para se preparar para o batente na semana seguinte, e quase nunca para se divertir de verdade, buscar experiências, aprimora-se intelectualmente e emocionalmente para se desenvolver e sair dessa “zona de conforto” criada pelo cartão de ponto, salário mensal baseado em salário-hora mais horas extras.
Sem contar que, quando há momentos sociais, como em um churrascos entre amigos, o que predomina são assuntos relacionados ao ambiente fabril.
O que predomina são conversas sobre picuinhas de fábrica, falta ou excesso de horas-extras (zangyō), um ou outro contando vantagem do tipo “o chefe chegou pra mim e elogiou minha produção e desceu a lenha no fulano…”, conversas sobre a “ameaça” que os trabalhadores asiáticos representam, ganhando menos e ocupando cada vez mais vagas nas fábricas.
Sem perceber, parcela significativa de trabalhadores vai entrando em um labirinto cognitivo do qual vai ficando cada vez mais difícil sair, rodando em torno das mesmas estruturas de pensamentos e ideias.
No entanto, tenho dois convites para você:
O primeiro, é para você conhecer Os trabalhadores de fábrica no Japão que já estão “fora” da fábrica, e entender como sair do labirinto cognitivo.
O segundo, é uma Carta Aberta a Você, Trabalhador no Japão, que deseja ter poder para sair desta situação, e isso se inicia com uma vida financeira organizada e com propósito!
E quero finalizar com uma citação do Warren Buffett para você refletir junto com o conteúdo destes artigos, o presente e os que foram sugeridos no decorrer do texto:
“Investir não é arriscado, arriscado é trabalhar 35 anos para outra pessoa e depois viver da previdência social.”
Está na hora de você aprender a construir fluxos de caixa e produzir o efeito dos juros compostos!
Abraços