Tanakinha chegou ao Japão em meados da década de 90. Pagou a passagem para empreiteira e um tempo depois conseguiu levantar ¥ 2 milhões.
Passado algum tempo, surgiu um esquema chamado NipponMed. Tanakinha apostou no negócio, colocou os ¥ 2 milhões, e perdeu. O negócio quebrou, era fraude.
Tanakinha se levantou desse tombo, sacudiu a poeira, e dois anos depois estava com ¥ 2 milhões novamente, fruto de muito trabalho e horas extras.
Mas logo surgiu um outro esquema, Boi Gordo, e Tanakinha aportou seus ¥ 2 milhões novamente. E Perdeu novamente.
O esquema quebrou, e nessa rodou até jogador e técnico de futebol brasileiro que atuavam no Japão.
Mas Tanakinha não se deixou abater e rapidamente, com muito trabalho e poupança, levantou ¥ 1 milhão.
Daí surgiu mais um esquema – “mas dessa vez é diferente”, pensava ele – chamado “Avestruz Masters”, e Tanakinha seguiu sua sina pela 3ª vez.
Frustrado, Tanakinha resolveu não entrar em nenhum esquema mais. Trabalhou, trabalhou, fez turno duplo, estourou de fazer horas extras, arubaitos nos finais de semana.
Levantou ¥ 1,5 milhão em 2 anos.
Mas logo veio a crise, o facão passou na firma onde Tanakinha trabalhava; ficou 1 ano e meio parado, pensou até em trocar o visto pelos ¥ 300.000 e ir para o Brasil com os ¥ 1,5 milhão, mas não o fez.
O seguro desemprego acabou, emprego de imediato não arrumou e o ¥ 1,5 milhão queimou para se manter até que conseguiu arrumar um serviço.
Em 2010, voltou a trabalhar, com salário-hora menor, juntar dinheiro se tornou algo mais difícil para Tanakinha.
Mas três anos depois, em 2013, ele já tinha conseguido levantar ¥ 1 milhão.
Daí, na mesma época, surgiu um “negócio revolucionário”, se passando por marketing multinível, e quem o divulgava dizia que seria “a solução para quem quer sair da fábrica no Japão”.
Era o TelexFree.
Tanakinha ficou maravilhado com a proposta, a ponto de esquecer de todas as aventuras financeiras que havia embarcado anteriormente.
Injetou logo o ¥ 1 milhão na parada. Era tudo ou nada. Foi o nada. Perdeu.
Mas Tanakinha não desiste, com salário-hora um pouco melhor, logo juntou mais um tanto, ¥ 1,5 milhão.
E com esse capital “investiu” numa “carteira de Bitcoin” de uma pessoa que ele viu o anúncio num grupo de Facebook, prometendo “50% ao mês de rendimento garantido”.
Tanakinha ficou doido, fez as contas e constatou que com 4 meses ele iria recuperar todo dinheiro que ele havia perdido com esquemas e com a crise.
Infelizmente, Tanakinha tomou mais um tombo.
Não existe dinheiro fácil. Aliás, a forma mais fácil e rápida de perder dinheiro é entrando em promessas de dinheiro fácil e rápido. E tem gente que nunca aprende.
Muitas vezes, não fazer nada com o dinheiro, para quem não tem noção de risco, já é um “investimento”.
Se nosso amigo tivesse ficado quieto com o dinheiro em banco, hoje teria ¥ 9.000.000.
E se tivesse feito investimentos sérios, diversificados, com boa gestão de risco, talvez já teria até triplicado esse capital, no mínimo.
Tanakinha é um personagem fictício, mas a narrativa tem um fundo de realidade.
Nunca arrisque toda a grana, principalmente se for em negócios nada consolidados no mercado.
Só invista naquilo que estiver dentro do seu círculo de competência, algo que você estudou e pesquisou a fundo, mapeando riscos, prazos, sustentabilidade do investimento, histórico etc.