“Compensa pegar empréstimo no cartão de crédito no Japão, a juros de 18% ao ano com parcelas fixas, para investir no Brasil?”
Este é um questionamento que surgiu num bate-papo com amigos, pelo WhatsApp, sobre o cartão de crédito ser ou não ser (eis a questão) instrumento de alavancagem.
Esclareço que as ponderações que farei a seguir tratam-se de opinião pessoal. Não tem respaldo em pesquisa, em parecer de especialistas, financistas etc. etc., apenas na minha capacidade de inferir, ponderar, refletir, calcular efeito de juros, analisar custo/risco de se alavancar em operações financeiras e, principalmente, em experiência com alavancagem.
Então vamos lá:
Via de regra, cartão de crédito deve ser utilizado de forma bem ortodoxa. Deve-se concentrar alguns gastos mensais a serem pagos via cartão de crédito– os mais fáceis de serem controlados, estabelecer um teto mensal que não pode ser ultrapassado ou um percentual da renda mensal destinado à gastos no cartão de crédito.
Quanto à pauta deste post, a princípio, não é aconselhável pegar empréstimo no cartão, a juros de 18%a.a (vou partir dessa taxa, que é a mais alta praticada atualmente), a não ser em condições muito, mas muito excepcionais, tais como:
1- Surgimento de uma oportunidade de compra de imóveis no Brasil por um preço bem baixo, ou seja, algo em torno de 70% do valor de mercado, e se caso fique faltando um montante para fechar o negócio (até 30% do valor pedido no imóvel). Nesse caso acho válido pegar o empréstimo aqui no cartão e pagar parcelas fixas, visto que estaria adquirindo um imóvel com desconto na ordem de 30% e que poderia ser colocado à venda posteriormente partindo do valor de mercado. E enquanto as parcelas do empréstimo estiverem sendo pagas, o imóvel tem o potencial de ir se valorizando.
2- Se a taxa de cotação Iene/Real (JPY/BRL), influenciada diretamente por suas respectivas cotações frente ao dólar, por exemplo, que hoje, 25/01/2018, está em ¥35 cair para ¥30, aí também é de se considerar. Caso tenha um investimento rentável a ser feito no Brasil, que esteja com rentabilidade atrativa, isto aliado a queda na taxa de cotação pode ser uma boa oportunidade para se alavancar e se antecipar. Desse modo, o juro amortizável do cartão de crédito a ser pago seria compensado pelo desconto na taxa de cotação. (A cotação média Iene/Real nos últimos 50 meses é de 37,14 e de 44,85 nos últimos 200 meses, ou seja, a cotação atual já oferece certo desconto em relação à média).
Tomei como base a taxa de juros de 18%a.a., mas existem bancos que fornecem taxas mais baixas e um limite maior de crédito, algo em torno de até 13,8%a.a. e limite de 3 milhões de Ienes.
Talvez tenha cartões com taxas menores e limites maiores, mas não é o propósito do texto discutir essas questões.
Não obstante, para quem vislumbra a possibilidade de se alavancar para aproveitar oportunidades, buscar, sobretudo, taxas menores é o ideal.
Para finalizar, quem utiliza desse procedimento deve sempre ter ciência que utilizar cartão de crédito para se alavancar requer o pagamento posterior de prestações.
Você vai aumentar seu caixa, vai ter um aumento imediato de capital para capturar oportunidades que venham a surgir, mas no mês seguinte à solicitação do empréstimo, um percentual da renda (tudo bem que é mínimo e controlável) estará comprometido.
No mais, fique atento às oportunidades, seja em imóveis ou produtos financeiros no Brasil, acompanhe as taxas de cotação e avalie se para você compensa ou não utilizar cartão de crédito para se alavancar.
Abraços.