Uma das formas que eu e minha esposa fizemos para dar educação financeira prática, eficiente, não enfadonha, para nossos 3 filhos foi dar cargos de gerência a cada um deles.
Ao mais velho, constituímos como gerente da luz.
O do meio, gerente da água.
E a caçula, gerente do gás.
Aprenderam a fazer a leitura dos respectivos registros (relógios dessas contas), ir fazendo marcações a cada 10 dias, para ir monitorando a evolução ou involução dos gastos de um período para o outro, só aí já colocavam a matemática para ser utilizada na vida real.
Antes que os profissionais das empresas fizessem a leitura e inserisse o aviso de consumo na caixa do correio, já tínhamos noção dos gastos daquele mês.
Além do monitoramento dos registros, ensinamos a montar planilhas em caderno para ir registrando as marcações.
E tinham autonomia para atuar como gerentes, de fato, de cada uma dessas áreas, podendo apontar necessidade de economia e propostas para isso.
No início, tínhamos de ajudá-los a entender o contexto, época de frio, por exemplo, para não radicalizarem (rs). Em certos momentos, um queria aplicar um choque de gestão mais drástico do que o outro (rs).
Como gerentes da luz, da água e do gás, eram recompensados pela eficiência na gestão dos gastos com essas contas. Nós, pais, atuávamos como consultores e mentores para que eles entregassem resultados na gestão.
Fazendo isso, incutíamos neles as noções de zelo com o bem comum, responsabilidade e o hábito de fazer registros, pois, anota aí: só quem registra consegue mensurar, e só quem consegue mensurar é que consegue, de fato, controlar com eficiência.
Outra questão fundamental, para além de controle de gastos, era incluir os três, mesmo com graus de entendimento diferentes, por causa da idade, nos propósitos e objetivos financeiros da família.
“Vamos ter que economizar X porque vamos investir em tal lugar, e vamos buscar um ganho de Y em cima deste valor. Opiniões? O que vocês me dizem?”
A Educação Financeira tem que ser propositiva!
Controle de gastos não pode ser o fim em si mesmo; tem que ter um propósito para a gestão do orçamento familiar.
Tem que incluir desde cedo, afinal, conforme curso natural da vida, um dia 1/3 do patrimônio dos pais serão de cada um.
Nisso, a gente incutia neles que a construção de patrimônio familiar é possível com a dedicação de todos e que deve ser pensada como algo transgeracional, para perdurar para as próximas gerações.
Agora, isso tem que ser introduzido na vida deles dentro de um ambiente afetivo, para que seja criada memória afetiva desses momentos na vida dos filhos.
Minha esposa sempre fez questão que uma refeição por dia fosse feita em família, todos à mesa, sem TV ligada, sem celular na mão; esses momentos possibilitavam a formação da memória afetiva relacionada aos propósitos da família.
O resultado é que hoje, os três, tem mentalidade investidora e empreendedora; administram os próprios recursos sem necessidade de tutela. Têm visão critica (de criteriosa) na análise de propostas e oportunidades. Foram educados para a vida.
Quem adota uma filosofia transgeracional na criação de riqueza, vai fazer de tudo para que os filhos tenham uma condição de vida melhor que a dos pais, quando estes tinham a idade deles.
Vai querer também que eles tenham uma situação patrimonial muito além do que a dos pais, quando estiverem na idade adulta.
E vai ensinar de tal modo aos filhos para que eles consigam potencializar o legado dos pais e transmitir isso às gerações seguintes, implementando estratégias para educar seus filhos.
Adote essas técnicas e essa filosofia aí na sua casa e depois nos conte como está sendo a experiência!
Faça agora, pois, parafraseando o economista James Heckman, Prêmio Nobel em Economia em 2000: Tentar sedimentar numa pessoa conhecimentos e hábitos que deveriam ter sido apresentados a ele quando mais novo, é mais custoso e menos eficiente.
Grande abraço,
Marcelo