A coletiva de imprensa de Carlos Ghosn, que fugiu do Japão na semana passada para o Líbano, onde tem nacionalidade, durou um pouco mais de 2 horas e 20 minutos, e ocorreu na capital do país do Oriente Médio, Beirute.
Na entrevista coletiva, Carlos Ghosn aprsentou slides de documentos e enfatizou que é vítima de um processo judicial no Japão sem direito de defesa, que as acusações são infundadas e que ele foi preso por um complô feito entre executivos da Nissan e o governo japonês para evitar maior influência dos franceses na aliança.
Abaixo, alguns pontos de destaque na coletiva de imprensa:
Sobre os supostos pagamentos feitos a ele de forma irregular:
“Não houve um só dólar pago com minha assinatura”, disse Ghosn. “Há todo um processo que deve ser seguido para pagamentos a um presidente”.
O parecer de um especialista em direito empresarial na Universidade de Tóquio, segundo Ghosn:
“Uma vergonha […] Em nenhum país democrático você é preso por esse tipo de acusação”.
Sobre o sistema judicial japonês e a mudança de concepção sobre a sua pessoa:
“Não tive direito à ampla defesa, nem a um julgamento rápido. O Japão tem 99,5% de taxa de condenação, então não tinha nenhum sinal de que seria tratado de forma justa. Senti que era refém de um país ao qual servi por 17 anos. Dediquei a minha vida profissional e tenho orgulho disso. Liderei uma companhia que estava mal e por 15 anos fui considerado um modelo no Japão, com mais de 20 livros de administração escritos sobre mim. E de repente procuradores e executivos dizem que sou um cara ambicioso”, afirmou Ghosn.
O objetivo dos executivos da Nissan, segundo Ghosn:
“Único jeito de a Nissan se livrar da influência da Renault era se livrar de mim”, Carlos Ghosn
A oportunidade perdida:
“A aliança (Nissan-Renault) perdeu o imperdível, que é a Fiat Chrysler, uma grande oportunidade perdida[…] Aliança foi o grupo automotivo número 1 em 2017, estávamos nos preparando para adicionar a Fiat Chrysler ao grupo”, disse Ghosn.
Sobre a decisão de fugir do Japão:
“[Fugir do Japão] Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, mas estava enfrentando um sistema onde a condenação é de 99,99%”, disse o executivo. “As alegações são falsas e eu não devia ter sido preso”, disse Carlos Ghosn.
Sobre o modus operandi do sistema judicial japonês:
“Eles tentavam o máximo possível atrasar o processo e o julgamento. Quando saí do Japão ainda não havia sido definida a data da primeira acusação. Talvez ficasse preso cinco anos no Japão antes de um julgamento”, afirmou Ghosn.
Sobre o trabalho dos promotores:
“Apenas confesse e tudo estará acabado. Não apenas vamos atrás de você, como nós vamos atrás de sua família”, teriam dito os promotores, segundo Ghosn.
Respondendo a pergunta do jornalista brasileiro Roberto D’Ávila, Ghosn afirmou que o cônsul brasileiro no Japão:
“Foi muito amigo, muito querido. Ele cuidou de mim, o João de Mendonça, ele me tratou com muito carinho”, disse Carlos Ghosn.
Ainda respondendo o jornalista sobre a ação do governo brasileiro:
“Estava otimista que o presidente [Bolsonaro] iria fazer pouco de pressão sobre os japoneses. Não sozinho, mas fazer pressão igual aos franceses”, disse. Ghosn aparentou ter ficado desapontado com o presidente brasileiro por este não ter tentado intervir como os governos dos outros dois países que ele possui nacionalidade, França e Líbano.
Respondendo ao repórter da Tokyo TV, ele afirmou:
“Eu amo o Japão, eu amo os japoneses…”
Objetivo a partir de agora:
“Quero limpar meu nome e minha vida. Esse é meu objetivo. [Espero] um julgamento que possa botar tudo na mesa e deixar que o juiz interessado na verdade, e não em ganhar processo, dizer.”
A coletiva completa você encontra clicando AQUI.
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