No passado, os casais brasileiros que chegavam ao Japão para trabalhar, tinham a seguinte “filosofia” na gestão do dinheiro:
“O salário de um é para guardar, o do outro, para manter os gastos da casa.”
Era assim que volumosas quantias de dinheiro eram remetidas anualmente ao Brasil, fazendo desta comunidade brasileira no Japão a maior injetora de dinheiro na economia brasileira, dentre as demais comunidades brasileiras mundo afora.
Com o passar do tempo, a opção por ter filhos no Japão, mudanças nos hábitos de consumo, para se adequar a um padrão de vida mais próximo dos japoneses, e aumento gradativo das deduções em folha de pagamento foram reduzindo o espaço desta “filosofia” acima na lida com a renda familiar.
Hoje, é bem comum ver gente com a maior dificuldade de guardar “1 man yen” que seja.
Na verdade, muito dessa dificuldade se deve ao fato de que muitos enxergam que guardar dinheiro de verdade seria só se tivessem muito dinheiro sobrando, o que não é verdade.
Costumo conversar com pessoas com dificuldade para economizar dinheiro para iniciar investimentos, isto é, para iniciar o processo de dar sentido ao dinheiro conquistado com suor, a fim de fazer ele gerar mais dinheiro.
Geralmente, diante da pessoa que se diz em dificuldade para poupar, mesmo tendo renda, eu início a seguinte abordagem:
“Peraí, você não consegue guardar ¥250.000 por mês?”
A pessoa estranha, óbvio, e eu bem sei que é uma quantia alta a ser economizada mensalmente, considerando os padrões dos compatriotas por aqui.
Mas eu continuo:
“E ¥200.000?”
Mais negativas.
“E ¥150.000?”
“Nem ¥100.000?”
“¥50.000?”
“E ¥30.000 por mês?”
Até chegar a um valor que a pessoa se entrega: “ah, isso eu consigo sim”.
Daí chega justamente no ponto que eu quero que a pessoa ENTENDA:
Qualquer quantia é válida para iniciar!
O grande problema, de fato, não está na falta de dinheiro em si, em muitos casos, há dinheiro a ser economizado para investimento, ainda que pouco.
Às vezes, a pessoa está esperando conseguir guardar um bom percentual da renda, ou voltar à “filosofia” que os casais tinham no início do movimento migratório para começar a investir.
Então, o problema está na forma como as pessoas enxergam.
E o grande lance no trabalho de educar e reeducar as pessoas financeiramente está em mostrar a elas que para começar novos hábitos como investidor, como uma pessoa que deseja construir um futuro melhor, qualquer quantia basta.
Tão somente comece e siga estabelecendo metas gradativamente maiores.
Com tempo, disciplina e perseverança, a gestão dos recursos será aprimorada, e quantias cada vez maiores para investir serão economizadas.
Abraços,
Marcelo Sávio