Preste bem atenção neste quadro abaixo. Condensei todas as informações relacionadas ao saldo dos empréstimos imobiliários habitacionais numa única imagem para você ter uma visão de conjunto para as explicações na sequência.
Acompanhe o número na legenda e as explicações abaixo:
1- O saldo total de empréstimos habitacionais no Japão atingiu a marca de ¥ 220 trilhões, algo em torno de US$ 1,55 trilhão.
2- Em 2022 atingiu o maior nível da série histórica.
3- Nos últimos 10 anos, houve um incremento de cerca de ¥ 40 trilhões…
4- Principalmente por causa da política monetária do Banco do Japão, com taxa básica de juros zero até final de 2015 e no negativo, em 0,10%, desde o início de 2016, quando a taxa de crescimento anual dos empréstimos passou a evoluir cerca de 2,5% ao ano (note a diferença no ponto 2 na imagem, antes e depois de 2015).
5- O saldo atual dos empréstimos habitacionais, em ¥ 220 trilhões, já é quase o dobro do que era na época da bolha econômica japonesa na virada dos anos 80/90.
6- Uma das grandes preocupações é que 73,9% dos mutuários têm suas dívidas atreladas a taxas variáveis. E num cenário de taxa básica no negativo, mais o cenário global, a possibilidade é de alta da taxa básica, fazendo com que haja elevação nas taxas variáveis.
No cenário atual, se houver uma elevação média de 0,1% nas taxas variáveis, só nesse movimento, o saldo dos empréstimos habitacionais crescerá 0,05%, o que representaria uma adição de ¥ 110 bilhões ao saldo.
Dos 73,9% dos mutuários que financiaram imóveis com taxa variável, 62% financiaram mais de 90% do custo de aquisição dos imóveis.
Num contexto de massa salarial em queda há 25 anos, inflação em alta e antecedida pela prática de reduflação no Japão, fazendo o poder de compra das famílias ficar cada vez mais reduzido, um reajuste nas parcelas pode desencadear um nível significativo de inadimplências, colocando em risco o setor habitacional.
7- E por último, mas não menos importante e que merece atenção, é que o saldo dos empréstimos habitacionais no Japão já é maior do que todos os “ativos” imobiliários habitacionais.
Deixei ativos entre aspas porque no Japão imóveis habitacionais como moradia própria é mais um bem de consumo, não sendo propriamente um meio pelo qual as famílias conseguem fazer uma evolução patrimonial, como observado em outros países, como é o caso do Brasil.
Fica o estudo para você, corretor de imóveis no Japão, para você que trabalha e vive no Japão, e especialmente para você que quer financiar uma casa própria no Japão e precisa decidir entre taxa fixa e variável.
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Abraços