Após décadas de forte crescimento, impulsionando a economia de muitos países emergentes, a economia chinesa enfrenta desafios significativos. O setor imobiliário do país está atualmente em uma severa crise, gerando preocupações sobre a estabilidade do setor financeiro.
Além disso, a desaceleração econômica teve um impacto severo, resultando em uma taxa de desemprego de mais de 20% entre pessoas com idades entre 16 e 24 anos; um público delicado para o governo chinês, que tem no histórico o Massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, contra estudantes.
Ainda no âmbito econômico, é importante observar que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o crescimento da China diminuirá de 5,2% em 2023 para 4,5% em 2024.
No entanto, é no campo geopolítico que está o maior problema que a crise da dívida chinesa e a desaceleração econômica do país podem promover.
Pois, em um país com governo totalitário, que é o caso da China, os problemas econômicos internos acabam sempre estimulando uma política externa combativa, a fim de encontrar um “culpado” externo ou intensificar as tensões geopolíticas para desviar a atenção do público dos problemas internos.
No contexto atual, há a questão da invasão da Ucrânia pela Rússia, com anexação de territórios ucranianos pela Rússia, que já é um precedente aberto e, de certo modo, um estímulo para a China fazer o mesmo com Taiwan, o que pode ficar cada vez mais próximo de ocorrer à medida que o quadro econômico e social interno na China se deteriora.
No extremo oriente, qualquer tensão acima do que já existe é extremamente delicada. Uma razão é o histórico de animosidade e sentimentos incubados entre as principais potências da região, e a outra é o fato de que a região reúne as maiores potências nucleares do mundo.