Economia, Educação Infantil e desenvolvimento humano

Assisti à entrevista que o atual ministro da educação do Brasil, sr. Abraham Weintraub, concedeu à rádio Jovem Pan.

O foco central da entrevista foi a explicação do ministro, e esclarecimento, acerca da polêmica envolvendo os termos “corte de gastos” e “contigenciamento de gastos” com a educação. O ministro explicou que, por ora, trata-se apenas de contigenciamento das despesas discricionárias, ou seja, as não obrigatórias, e não cortes permanentes.

Mas o que mais me chamou a atenção na entrevista do ministro foi ele pontuar a Educação Infantil como a etapa mais importante do processo educacional, defendendo que o investimento deve ser feito com mais eficiência nessa etapa, utilizando como referência as ideias defendidas pelo economista James Heckman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia no ano 2000 por causa dessas ideias.

Gostei dessa parte na entrevista porque defendi o mesmo em trabalhos acadêmicos na área de educação há 7 anos, tendo como referência os estudos do mesmo economista. Na ocasião, tive alguns entraves com orientadores acadêmicos por eu estar colocando um economista como referência; convenci e mantive a referência no trabalho.

A seguir, trechos do meu trabalho e um pouco das ideias defendidas por James Heckman, confira:

“Segundo os estudos de James Heckman (apud YAMAMOTO, 2011), prêmio Nobel de economia em 2000, o desempenho na vida adulta depende dos estímulos educacionais na primeira infância, fase do desenvolvimento abordada na Educação Infantil. Segundo o economista, quanto antes os estímulos vierem, mais chances a criança terá de se tornar um adulto bem sucedido. Para ele, é preciso que habilidades não cognitivas, tais como, autocontrole, motivação e comportamento social sejam estimulados, e não só as habilidades cognitivas, comumente consideradas as mais importantes. Em sua opinião, investir na Educação infantil é a primeira e a mais importante iniciativa para a mobilidade social das camadas mais desfavorecidas da sociedade (HECKMAN, 2012, n. p.).

Baseado em pesquisas feitas nos Estados Unidos, como, por exemplo, o Plano Perry – programa iniciado em meados da década de 60 com o objetivo de mensurar o impacto da
Educação Infantil na vida escolar e adulta –, Heckman concluiu, após 40 anos de estudos, que crianças que frequentaram a pré-escola, recebendo os estímulos certos e que tiveram suas
famílias amparada por programas sociais visando o bem-estar no ambiente familiar tiveram um desempenho melhor na vida escolar e maiores sucessos na vida profissional (HECKMAN, 2012).

Para Heckman (2012), envolver os pais no processo educativo é fundamental. Nakajima (2011) aponta que, os pais podem e devem auxiliar as crianças nessa etapa do processo educativo, principalmente, no que tange ao desenvolvimento da capacidade leitora e da escrita. Ler para as crianças vários tipos de livros, brincar com os livros, desenvolver um diálogo a partir do que foi lido, ler junto com as crianças e solicitar a leitura dos filhos são maneiras de auxiliar o desenvolvimento dessas capacidades (NAKAJIMA, 2011).

Portanto, conclui-se que, na fase de Educação Infantil, crianças que passam por um processo educativo que tem por finalidade, e prioriza, o desenvolvimento integral da criança e
que vivem em um bom ambiente familiar, terão mais chances de ter um melhor desempenho no processo educativo escolar vindouro em relação às crianças que não passaram
por um processo que privilegie o desenvolvimento integral e que vivem em um ambiente familiar desestabilizado. Todavia, vale ressaltar aqui, que, os estudos e as conclusões de Heckman (2012) partem da perspectiva de um economista, tendo como base de estudo o contexto norte-americano; embora, os resultados de suas pesquisas estão sendo amplamente divulgados em vários países (YAMAMOTO, 2011).

Segundo o economista, é preciso quebrar o paradigma de que a Educação Infantil é a parte menos importante do processo educativo. Família, sociedade e poder público precisam entender que investir na Educação Infantil é de suma importância para a construção do
conhecimento pela criança, pois, “tentar sedimentar num adolescente o conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes custa mais e é menos eficiente” (HECKMAN,
2012, n. p.).

Vale salientar que, estudos científicos vêm comprovando que há mais impulsos no cérebro de uma criança do que no de uma pessoa adulta, e que saber estimular esses impulsos corretamente favorece o desenvolvimento das capacidades intelectual e emocional da criança,
favorecendo assim, o aprendizado nas outras etapas de ensino.”

Abraços,

Marcelo Sávio

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Marcelo Pimentel

CEO da MSG Capital, empresa de participações e gestão de ativos, com foco no desenvolvimento imobiliário. Fundador do site e mídias sociais Investidor no Japão e criador de Cursos de Investimentos e Finanças Pessoais para brasileiros no Japão. Formado em Pedagogia, com Educação Continuada em Contabilidade Financeira e Análise de Viabilidade de Projetos, pela FGV; com MBA em Investimentos e Private Banking, pela Ibmec; Investidor nos mercados de capitais japonês e americano, e no mercado imobiliário brasileiro, com experiência em análise de viabilidade e estruturação financeira de projetos imobiliários.
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CEO da MSG Capital, empresa de participações e gestão de ativos, com foco no desenvolvimento imobiliário. Fundador do site e mídias sociais Investidor no Japão e criador de Cursos de Investimentos e Finanças Pessoais para brasileiros no Japão. Formado em Pedagogia, com Educação Continuada em Contabilidade Financeira e Análise de Viabilidade de Projetos, pela FGV; com MBA em Investimentos e Private Banking, pela Ibmec; Investidor nos mercados de capitais japonês e americano, e no mercado imobiliário brasileiro, com experiência em análise de viabilidade e estruturação financeira de projetos imobiliários.

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