O dólar fechou a semana no seu maior patamar em mais de 24 anos, a ¥ 148,72.
No início de setembro, a cotação USDJPY já havia atingido seu maior nível desde agosto de 1998, na ocasião, em decorrência da crise da Rússia.
Devemos concordar que ¥ 150 seria uma “barreira psicológica” e soaria um alerta muito maior caso seja ultrapassada.
Alerta este que já despertou a intervenção do Banco do Japão quando a cotação USDJPY rompeu a barreira dos ¥ 145 e fez a autarquia agir para conter a alta.
Mas, até quando vai esse movimento de alta?
Honestamente, não sabemos.
Mas isso depende, principalmente, da política monetária do FED, da expectativa em relação ao aumento de juros nos EUA.
Aumento de juros nos EUA significa títulos do Tesouro americano mais atrativos, o que atrai o grande capital internacional para esses ativos em busca de proteção.
Como consequência, isso promove queda nas bolsas e fortalecimento do dólar em relação a outras moedas, como demonstrado no gráfico United States Dollar Index ou DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de outras moedas:
O índice do dólar, que mede a relação da moeda americana com as principais moedas do mundo, atingiu nesta semana sua maior valorização em mais de 20 anos.
Soma-se a isso, a política monetária ultra-expansionista do Banco do Japão, que mantém a taxa básica de juros da economia no negativo, deixando os títulos japoneses pouco atrativos ao capital internacional, o que, num momento de dólares voltando aos EUA, promove forte depreciação do iene japonês frente a moeda americana.
Então, temos, agora, uma situação diferente do que houve pós-crise de 2008, quando houve busca por títulos japoneses por parte do grande capital internacional como uma forma de buscar um “porto seguro” naquele momento, e como consequência, houve uma forte apreciação do iene naquela época.
A única alternativa que poderia surtir algum efeito mais consistente para segurar o câmbio seria o Banco do Japão iniciar o processo de contração da política monetária: aumentar juros, enxugar liquidez do mercado, tornar os títulos japoneses mais atrativos ao capital internacional.
No entanto, para um país que há 30 anos se acostumou a políticas fiscais e monetárias expansionistas para manter a economia interna funcionando, fazer uma forte contração para ter resultado rápido no câmbio pode ser um processo doloroso.
Então, o jeito será torcer para que a inflação nos EUA e Europa ceda e a pressão pelo aumento de juros por parte dos respectivos bancos centrais reduza, caso contrário continuaremos com a expectativa de alta no dólar e queda nas bolsas.
Por outro lado, as grandes correções, quedas nas bolsas, abrem grandes oportunidades para iniciar montagens de portfólios, carteiras de investimentos, com ativos a preços mais atrativos.
E nessas horas vale o conselho do grande investidor e gestor de investimentos Peter Lynch: “Muito mais dinheiro foi perdido por investidores se preparando para correções, ou tentando antecipar correções, que nas próprias correções.”
Está preparado para iniciar nos investimentos?
Vale ressaltar também que…
Apesar da alta do dólar no Japão, a cotação BRLJPY, Real e Iene – que é praticamente o resultado da divisão ‘dólar no Japão’ (USDJPY) dividido por ‘dólar no Brasil’ (USDBRL), e cotação de referência para transferência de iene para real – segue ABAIXO da média dos últimos 10, 20 e 28 anos, isto é, segue abaixo da média histórica, desde a criação do real brasileiro e da relação real/iene.
Ou seja, conforme a média histórica, o iene japonês ainda está valorizado em relação ao real brasileiro, conforme gráfico abaixo: