Um dos grandes problemas financeiros enfrentados por muitos brasileiros no Japão no decorrer dos 30 anos de migração Brasil-Japão está relacionado à traição.
E não me refiro a traição carnal, que destrói casamentos e relacionamentos amorosos, e que pode acarretar em frustrações, conflitos, desgastes, e acabam prejudicando, também, a vida financeira.
Refiro-me aqui a um tipo de traição cometida por pessoas que, por causa da distância e por desconhecer a realidade, acreditam que brasileiros no Japão, ou no exterior, “colhem dinheiro em árvores”.
A traição financeira.
Esse tipo de traição é cometida por parte de parente no Brasil, que o brasileiro no exterior conta para cuidar de recursos financeiros enviados para lá, ou lhe confia patrimônio aos seus cuidados, e este parente subtrai partes ou a totalidade dos recursos financeiros ou do patrimônio que lhe fora confiado.
Em partes, essa traição financeira é estimulada pelo próprio brasileiro no exterior, que passa uma imagem de vida no exterior, para parentes no Brasil, muito além da realidade.
O parente inescrupuloso olha para essa imagem, como dito, muitas vezes fabricada, e pensa que não vai ter problema dar um “migué”, subtraindo capital e patrimônio do parente distante.
Outro problema ligado a transmitir uma imagem de vida no exterior além da realidade, é criar excesso de expectativas em quem está no Brasil, muitas vezes em situação real de dificuldade.
O parente em dificuldade no Brasil, geralmente do núcleo familiar mais próximo, visualiza no parente no exterior o seu “salvador financeiro”.
O simples fato de alguém estar residindo num país mais desenvolvido, por si só, provoca essa percepção em quem se encontra em dificuldade no Brasil.
E se quem está no exterior ainda fica passando uma imagem de ostentação, sem salientar as dificuldades que existem para ter determinados luxos, aí que situação piora, levando parentes a ficar implorando por ajuda financeira.
E aí temos outro ponto que acaba prejudicando as finanças de quem está no exterior.
Pois, os parentes em dificuldades, ou no comodismo mesmo, vendo a “fenomenal situação” do parente no exterior, pode vir a implorar por envio de dinheiro “emprestado”.
E o problema é que a pessoa pode acabar se colocando em uma situação de ter que emprestar (ou dar), SE COMPLICANDO financeiramente, apenas para sustentar a “imagem de sucesso” que criou e quis transmitir a aos parentes no Brasil, verdadeiramente em dificuldade ou acomodados com a ideia de ter um parente no exterior que está “colhendo dinheiro em árvore”.
Vamos desconstruir esse mito. Isso fará bem às finanças de todos e ajudará muitos a sair do comodismo.