Um jovem brasileiro chegou ao Japão, começou a trabalhar, fazer horas-extras, fez um cartão de remessas internacionais, e todo mês ele enviava dinheiro para ajudar a sua tia no Brasil com o equivalente a 1.000,00 reais.
Algum tempo depois, ele passou a enviar 500,00 reais por mês, depois 200,00 reais, e mais adiante, 100,00 reais por mês.
A tia dele já inconformada com a redução das remessas, arruma um jeito de ligar pra ele do Brasil e pergunta:
“Hei, peraí, o que está acontecendo, meu filho? Antes você enviava 1.000,00 reais por mês. E venho só observando o valor caindo, caindo, caindo… Agora, só 100,00 reais por mês? O que houve?”
“Bem, tia…” — começa o rapaz — “… antes, quando cheguei ao Japão, eu era solteiro, não tinha maiores compromissos, daí podia ajudar a senhora com 1.000,00 reais por mês. Daí eu casei, passei a ter mais compromissos com a formação de uma família, e tive de reduzir para 500,00 reais. Tivemos o nosso primeiro filho, daí passei a ajudar a senhora com 200,00 reais. Veio o segundo filho, daí não teve jeito, tive de reduzir para 100,00 por mês a ajuda à senhora. E aproveitando, aviso a senhora que em breve vem o terceiro filho, talvez vou ter que parar de enviar essas remessas pra senhora.”
A tia enfurecida diz: “Ah, seu safado, canalha, vagabundo, egoísta! Então você está sustentando a sua família com o MEU dinheiro?”
Trata-se de uma ficção, adaptada de conto popular, mas com fundo de realidade no contexto de brasileiros no Japão.
Mas, que expressa bem a ‘relação de dependência financeira’, um dos motivos, juntamente com a ‘traição financeira‘, que mais desgasta a relação familiar entre brasileiros no Japão e familiares no Brasil, e que contribui para desequilibrar a vida financeira de quem mora fora do Brasil.
Você já passou ou conhece alguém que já passou por situação semelhante?