Ele obteve uma excelente rentabilidade, mas algo o deixou preocupado…

Era uma vez, um brasileiro no Japão que numa paulada só aprendeu sobre risco cambial, custo de oportunidade e sobre a importância da diversificação geográfica.

Epaminondas é um brasileiro no Japão que há 4 anos decidiu investir no Brasil.

Abriu conta em corretora de valores brasileira usando endereço e número de telefone de parentes no Brasil.

O CPF ele também manteve como se ainda fosse “residente” no Brasil, embora esteja residindo fora do país há 20 anos.

Com a conta aberta na corretora e dinheiro na mão, ele decidiu enviar tudo o que tinha para alocar em produtos financeiros negociados na bolsa brasileira, seguindo carteira recomendada por casa de análise brasileira, a qual ele já vinha acompanhando fazia um tempo.

Enviou a quantia de 2 milhões de ienes, que na cotação da época, chegou em sua conta-poupança no Brasil cerca de 56.000,00 reais. 

Cotação BRLJPY; com destaque para o fechamento do mês de fevereiro de 2017

Ele foi fazendo vários TEDs no decorrer dos dias até transferir todo o recurso para a corretora de valores. 

Montou uma carteira diversificada, como manda o bom senso, não caiu na tentação do day trade ou outros movimentos especulativos. 

Veio fazendo a gestão da carteira de modo que no decorrer desses 4 anos, obteve um ganho bruto acumulado de 87,39%, o que representa uma taxa média 17% ao ano.

Foi de 56.000,00 reais para 104.937,68 reais.

Uma rentabilidade muito interessante para uma carteira de investimentos diversificada. 

Acontece que, apesar de concentrar seus esforços de investimentos no Brasil, Epaminondas ainda não tem certeza quanto ao retorno para lá, se vai algum dia retornar em definitivo e quando seria esse retorno.

Outra coisa que Epaminondas acabou constatando foi que, apesar de uma carteira com taxa de retorno em reais brasileiros, de certo modo, exitosa, se ele quiser trazer esse dinheiro de volta ao Japão, hoje, visto que o retorno ao Brasil está incerto, o montante acumulado retornaria para cá praticamente os mesmos 2 milhões de ienes que ele havia enviado.

Isso porque ele teve um retorno médio anual de 17%; se o retorno tivesse sido menor, resgataria menos de 2 milhões de ienes na conversão.

Cotação BRLJPY; com destaque para a cotação em 1 de fevereiro de 2021

Ou seja, nesse período, o iene japonês teve uma valorização ante ao real brasileiro equivalente a valorização da carteira do Epaminondas.

Ou se preferir: o real brasileiro desvalorizou-se de tal modo que anulou a rentabilidade do Epaminondas, se considerar que o investimento partiu de ienes enviados para o Brasil, dos quais ele abriu mão para este objetivo.

Então, Epaminondas chegou à seguinte conclusão:

“Quer dizer que durante esses 4 anos, passei horas e mais horas, até tarde da noite aqui no Japão, acompanhando a bolsa brasileira, preocupado em fazer a movimentação da carteira, lidando com DARF, gastando com declaração anual, com risco de ser bi-tributado, para o que acumulei no Brasil, mesmo tendo tido valorização, ser equivalente ao mesmo valor que enviei daqui para lá há 4 anos?”

“Então, considerando todo esse trabalho teria sido mais vantagem ter deixado o dinheiro em iene mesmo.”

Desse modo, Epaminondas entendeu o que é risco cambial, e como ele pode anular totalmente a rentabilidade ou parte dela.

É bem verdade que o câmbio também pode potencializar retorno.

Mas quando se trata de investir em ativos em moeda fraca, exótica, instável, com risco-país mais elevado, em país com risco fiscal, a probabilidade maior com o decorrer do tempo é da perda do valor dessa moeda frente a outras moedas mais estáveis. 

Epaminondas refletindo sobre isso, concluiu também que, se nesse período ele tivesse investido em algo no Japão que rendesse mero um terço do rendimento nominal que ele obteve no Brasil, e hoje estivesse enviando esse dinheiro ao Brasil, chegaria lá cerca de 134.000,00 reais.

Se tivesse investido no Japão sob rendimento que fosse a metade do rendimento nominal que ele obteve no Brasil, o capital, hoje, chegaria no Brasil cerca de 144.000,00 reais. 

E continuando nos cálculos, constatou que se no Japão ele tivesse alcançado a mesma rentabilidade nominal alcançada no Brasil, 17% ao ano, e então fosse enviar esse dinheiro para lá, chegaria cerca de 195.000,00 reais. 

Com essas reflexões, cálculos e inferências, considerando todo trabalho que teve para fazer investimentos no Brasil, Epaminondas compreendeu o que era Custo de Oportunidade, algo que ele havia lido em post com citação de Charles Munger, o sócio do Buffett, e até compartilhado várias vezes, mas sem muita compreensão do que o Munger queria dizer. 

Pessoas inteligentes tomam decisões... Charlie Munger

Com essa experiência, Epaminondas também entendeu que diversificação, sobretudo para quem está exposto a risco cambial ou mora em outro país, não é só entre ativos em uma mesma moeda, mas principalmente entre ativos em moedas e mercados diferentes, através da diversificação geográfica.

Desse modo, Epaminondas aprendeu e começou a investir no Japão e também a acessar outros mercados via corretora japonesa.  

Então, essa experiência trouxe a Epaminondas o aprendizado prático sobre Risco Cambial, Custo de Oportunidade e a importância da Diversificação Geográfica

Marcelo Pimentel

Marcelo Pimentel

CEO da MSG Capital, empresa de participações e gestão de ativos, com foco no desenvolvimento imobiliário. Fundador do site e mídias sociais Investidor no Japão e criador de Cursos de Investimentos e Finanças Pessoais para brasileiros no Japão. Formado em Pedagogia, com Educação Continuada em Contabilidade Financeira e Análise de Viabilidade de Projetos, pela FGV; com MBA em Investimentos e Private Banking, pela Ibmec; Investidor nos mercados de capitais japonês e americano, e no mercado imobiliário brasileiro, com experiência em análise de viabilidade e estruturação financeira de projetos imobiliários.
Marcelo Pimentel

Marcelo Pimentel

CEO da MSG Capital, empresa de participações e gestão de ativos, com foco no desenvolvimento imobiliário. Fundador do site e mídias sociais Investidor no Japão e criador de Cursos de Investimentos e Finanças Pessoais para brasileiros no Japão. Formado em Pedagogia, com Educação Continuada em Contabilidade Financeira e Análise de Viabilidade de Projetos, pela FGV; com MBA em Investimentos e Private Banking, pela Ibmec; Investidor nos mercados de capitais japonês e americano, e no mercado imobiliário brasileiro, com experiência em análise de viabilidade e estruturação financeira de projetos imobiliários.

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